Infecção Bucal e Infecção Cardíaca

Infecção Bucal e Infecção Cardíaca

Pode ser fatal, mas há prevenção!

Uma infecção Bucal causada por uma casca de pipoca gerou uma infecção cardíaca (endocardite infecciosa) que destruiu uma das válvulas no coração do britânico Adam Martin, esta matéria circulou recentemente amplamente nos jornais e redes sociais.

 Adam Martin, 41 anos

Isso realmente pode acontecer, por isso a importância de procurar ajuda profissional especializado para orientação e tratamento, diante deste contexto, vem a necessidade de falar um pouco sobre este tema tão importante, a endocardite bacteriana.

Primeiramente, escovar os dentes, usar fio dental e visitar seu dentista regularmente ajudam a manter seu sorriso brilhante e evitam infecções de dentes e gengivas que podem levar a endocardite.

 

Endocardite infecciosa

A endocardite infecciosa (EI), também chamada endocardite bacteriana (EB), é uma infecção causada por bactérias que entram na corrente sanguínea e se instalam no revestimento do coração, uma válvula cardíaca ou um vaso sanguíneo.

Pessoas com algumas doenças cardíacas têm maior risco de desenvolvê-la.

Existem duas formas de IE:

  • IE agudo – desenvolve-se repentinamente e pode se tornar fatal em poucos dias
  • IE subagudo ou crônico (ou endocardite bacteriana subaguda) – desenvolve-se lentamente durante um período de semanas a vários meses.

Quais são os sintomas da endocardite infecciosa?

  • EI aguda geralmente:

Iniciam com febre (102 ° -104 ° F),

calafrios, batimentos cardíacos acelerados, fadiga, suores noturnos, articulações e músculos doloridos, tosse persistente ou inchaço nos pés, pernas ou abdômen.

  • EI crônica podem incluir:

Fadiga, febre leve (99 ° -101 ° F), batimentos cardíacos moderadamente rápidos, perda de peso, sudorese, contagem baixa de glóbulos vermelhos (anemia) e podem ocorrer tanto quanto como um período de meses.

 

O tratamento

 O tratamento geralmente consiste em pelo menos duas semanas e até seis semanas de altas doses de antibióticos intravenosos.

A prevenção para pessoas em risco geralmente envolve a conscientização dos riscos e antibióticos preventivos antes de certos procedimentos cirúrgicos, odontológicos e médicos.

 

Endocardite e Saúde Bucal

Um estudo descobriu que pessoas com problemas de saúde bucal ou que sangram durante a escovação tiveram um risco maior de desenvolver bactérias no sangue (bacteremia).

Foi calculado que o risco de um episódio de bacteremia causada pelos hábitos diários de higiene bucal e de mastigação é 1.000 a 8.000 vezes maior do que o provocado por um procedimento odontológico 3, ou seja, uma infecção gengival causada por uma casca de pipoca pode gerar uma infecção cardíaca.

Os estreptococos do grupo viridans e os Staphylococcus aureus são responsáveis por mais de 80% dos casos de EB, por estarem presentes nas mucosas e na pele, e pelo fato de aderirem mais facilmente às superfícies do que outras bactérias.

Na clínica odontológica, outra bactéria tem maior importância, é o Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa), por também estar implicada na etiopatogenia das periodontites agressivas 1-2.

 

Pacientes de maior risco

 No passado, pacientes com quase todos os tipos de cardiopatias congênitas precisavam receber antibióticos uma hora antes de procedimentos ou operações dentárias na boca, garganta, genital gastrointestinal ou trato urinário.

No entanto, em 2007, a American Heart Association simplificou suas recomendações.

Atualmente para procedimentos odontológicos são recomendados apenas para pacientes com maior risco como:

  • Portadores de válvula cardíaca protética ou que teve uma válvula cardíaca reparada com material protético.
  • História de endocardite.
  • Transplante de coração com função valvar cardíaca anormal
  • Doença cardíaca congênita cianótica (defeitos congênitos com níveis de oxigênio abaixo do normal)
  • Defeito cardíaco congênito reparado com material protético ou um dispositivo
  • Doença cardíaca congênita reparada com defeitos residuais, como vazamentos persistentes

 

Procedimentos Dentários e Endocardite Infecciosa

 Procedimentos de risco para a EB:

  • Que envolvem manipulação do tecido gengival (sangramentos)
  • Que envolvem região periapical dos dentes
  • Quando há perfuração da mucosa bucal 4, de acordo com as diretrizes da AHA.

 

Procedimentos de baixíssimo risco para a EB:

  • Injeções anestésicas (exceto a técnica intraligamentar) em tecidos não infectados.
  • Colocação, remoção ou ajustes de próteses ou aparelhos ortodônticos.
  • Tomadas radiográficas.
  • Esfoliação de dentes decíduos e sangramento por trauma dos lábios ou mucosa bucal.
  • Remoção de sutura

 

Profilaxia antibiótica

 O indicado é o cirurgião-dentista se guiar pelas diretrizes atuais da American Heart Association, que também são adotadas pela grande maioria da classe médica brasileira.

Adultos:

  • Amoxicilina 2gr V.O., 1 hora ates do procedimento
  • Clindamicina 600mg V.O., 1 hora antes do procedimento (para alérgicos)
  • Azitromicina 500mg V.O., 1 hora antes do procedimento (para alérgicos)

 

Crianças:

  • Amoxicilina 50mg/kg V.O., 1 hora ates do procedimento
  • Clindamicina 20mg/kg V.O., 1 hora antes do procedimento (para alérgicos)

 

IMPORTANTE:

Em caso de dúvidas, consulte seu cardiologista para que ele prescreva as devidas recomendações profiláticas.

Lembre sempre o dentista ou o médico se você (ou seu filho) é alérgico a antibióticos ou outros medicamentos.

Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis possuem apenas caráter educativo e informativo.

Dra. Renata Bonetti – Cirurgiã Dentista – Implantodontista – Morumbi e Região

🚩Contato: Av. Giovani Grochi, 5930
📞Tel: (11) 5063-4130
📲 WatsApp: (11) 98990-9645

 

 

  1. Petti CA, Fowler Jr. VG. Staphylococcus aureus bacteremia and endocarditis. Cardiol Clin 2003;21(2):219-33.
  2. Paturel L, Casalta JP, Habib G, Nezri M, Raoult D. Actinobacillus actinomycetemcomitans endocarditis. Clin Microbiol Infect 2004;10(2):98-118.
  3. Guntheroth WG. How important are dental procedures as a cause of infective endocarditis? Am J Cardiol 1984;54(7):797-801.
  4. Wilson W, Taubert KA, Gewitz M, Lockhart PB, Baddour LM et al. Prevention of infective endocarditis: guidelines from the American Heart Association: a guideline from the American Heart Association Rheumatic Fever, Endocarditis, and Kawasaki Disease Committee, Council on Cardiovascular Disease in the Young, and the Council on Clinical Cardiology, Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia, and the Quality of Care and Outcomes Research Interdisciplinary Working Group. Circulation 2007;116(15):1736-54.

Fonte: http://www.inpn.com.br/ProteseNews/Materia/Index/132514

https://www.heart.org/en/health-topics/infective-endocarditis

https://www.cornwalllive.com/news/cornwall-news/cornish-firefighter-needed-heart-surgery-3709259

 

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